27 de setembro de 2011

Perugia

Podem existir cidades italianas maiores, com mais jóias arquitectónicas, com mais gente... mas nenhuma é tão especial como Perugia.


Depois de 2h30 de avião, 4h de autocarro e 10m de táxi, lá estava ela, orgulhosa e altaneira.

Foram 5 meses de novidade e espanto, de pessoas que nunca esperei conhecer e que nunca, jamias irei esquecer. Foi a imensidão, total, e em alguns dias, a felicidade completa. O ditado diz pra nunca se voltar aos sítios onde fomos felizes, mas eu tenho uma vontade de lá voltar que não vos digo nem vos conto!





26 de setembro de 2011

Querida mala samsonite verde alface,

em 2010 por esta hora estaria certamente a pular em cima de ti, a implorar às fadas das malas de viagem que tu te fechasses. E fechaste, oh se fechaste! Cara samsonite, já fizemos umas belas milhas eu e tu, obrigada por nunca te teres perdido ou escavacado!

22 de setembro de 2011

Dos livros que quero comprar e ler ou de como preciso de uma alma com queda para a filantropia...





Se alguma alma realmente se enternecer com a minha sede de leitura, o Orientalism do Edward Said está no primeiro lugar da lista, a administração do cinema agradece!

20 de setembro de 2011

#Aviso: este post é a atirar para o lamechas

Como é? Como é que se tira, como é que se apaga alguém do lugar mais precioso, de mais difícil acesso e com mais muros e barreiras que existe em nós, o coração?
Os Gregos antigos acraditavam que o centro do corpo, o orgão que comandava os desejos, as vontades e a personalidade dos homens era o coração. Hoje sabemos que este 'apenas' serve pra bombear o sangue vital à existência e que o verdadeiro responsável por toda esta magia de paixões, sentimentos e vontades é o complexo e misterioso cérebro, esse orgão traquina, que tanto nos mostra como oculta a sua natureza.
Mas a verdade é que os clássicos são os clássicos. Ninguem pensa no progresso da ciência ou em laboratórios de neurociência quando pensa em pessoas amadas, em saudades, em paixão. Pensa-se no coração. Ontem, hoje e sempre o coração. Já alguem ouviu outro alguem dizer: "- Tenho tantas saudades que até me doi a cabeça!" Não me parece. Mas quase que aposto que já ouviram alguem lamentar-se de "uma dor no peito, uma dor no coração sufocante". Vejam bem a importância simbólica que lhe damos, ao coração, que aquilo que 'apenas' bombeava o sangue agora já nos pode matar de sufoco.
Tudo isto para dizer que da memória é difícil tirar alguem, ou um dia, ou um minuto específico, mas podemos esbater a lembrança, ou arrumá-la devagar, devagarinho, numa caixa no sotão, na arrecadação do cérebro, talvez por categorias do género: 'Verão 2003' ou '1º semestre de 2009'. Mas e com o coração, o que é que se faz? O coração não arruma, o coração só guarda. É o 'orgão simbólico' mais ingénuo que pode haver, muito optimista e sado-masoquista até. No coração tanto cabem 10 como 1000, é grande, e como é um músculo não tem tamanho estanque, pode crescer se assim for treinado, e como tal, cabe sempre mais alguem. Mas, este orgão tem uma limitação que o torna frágil e ao mesmo tempo supremo; não está preparado para apagar, ou para retirar pessoas do seu interior. E quando acontece por vezes essa necessidade premente de apagar, de retirar uma pessoa, então aí não há mais nada a fazer. O processo é doloroso e moroso e quase mais burocrático do que um gabinete de uma repartição pública. (Oh meus amigos, e se a burocracia não é uma cabra lixada...Vocês bem o sabem!) Não há nada a fazer senão recortar, bem recortado e com cuidado, com uma lentidão e calma cirurgicas o espaço bem delineado que a pessoa ocupava no nosso coração. E depois, e depois de recortarmos tudo com cuidado, fica-nos o buraco, que muitas vezes não é um buraquinho coisa nenhuma, mais se assemelhando a um poço sem fundo, a umas cataratas do Niágara, a um talude continental de vazio, a um buraco onde dá pra enfiar o dedo gordo.
O processo é este... não há nada a fazer, afinal, é do caprichoso coração que estamos a falar. Não se pode fazer nada, a não ser esperar que não cheguemos ao fim da vida feitos num verdadeiro passador.

18 de setembro de 2011

O escândalo de uns...



...é o deleite de outros


Fotografias de Robert Doisneau (o meu fotografo preferido por sinal)

17 de setembro de 2011






Finalmente já se sabe a data aproximada da abertura do Museu da Inocência em Istambul! Segundo as previsões, o museu que foi construído para albergar as reproduções dos artefactos, pertences a Fosun e recolhidos por Kemal, personagens principais do livro Museu da Inocência de Orhan Pamuk, vai ser inaugurado já na Primavera do próximo ano.




Kemal diz, numa passagem do livro, que podemos estar a viver o momento mais feliz da nossa vida que no entanto só muitos anos mais tarde temos noção disso. E tens razão Kemal, tens razão. E se algum dia, alguma vez nos apercebemos disso, corremos o risco de ficar presos nesse momento para o resto da vida. Foi o que aconteceu à tua personagem, mas o Orhan Pamuk bem sabia que é o que acontece na vida real.

16 de setembro de 2011

French Cancan



Nota 1 - Esta música faz-me suplicar que o verão continue até ao verão de São Martinho.
Nota 2 - Também me faz ter vontade de ir à pastelaria francesa que abriu a semana passada no Príncipe Real, chama-se Poison d'Amour e pelas fotografias que já vi está um mimo!

Há qualquer coisa de cientifico

nas semelhanças entre a ida um cabeleireiro e se andar de táxi. Só pode haver uma espécie qualquer de padrão que os une. Só pode. Em ambos os sítios, se tivermos sorte, podemos ser testemunhas de cuidadas teorias sobre política, quer nacional como internacional; economia, micro e macro; tratados elaborados sobre a sociedade em geral, análise dos costumes públicos e privados, bem como noticias actualizadas sobre as figuras proeminentes do país ou da cidade. Isto sim é serviço público, é zelar pelo próximo, é mantê-lo informado, trabalhar para que ele não seja mais um pobre infoexcluído. A pessoa paga por um serviço e é-lhe proporcionada uma verdadeira experiência de interacção. É um autêntico pague 1 leve 2, mas em vez de estarmos a falar de pac's de iogurtes estamos a falar da oferta de todo um manual da vida prática. E eu, claro, não podia gostar mais!

14 de setembro de 2011

Quase 3 meses depois...

a minha casa continua a cheirar a móveis do ikea, a vizinha de cima continua a arrastar cadeiras a todos os minutos do dia, as pessoas continuam a não saber andar de metro (minha gente, a sério *como é que eu hei de dizer isto sem ferir susceptibilidades* NÃO se ponham a tapar a entrada das portas das carruagens, se nós não sairmos, vocês não vão MESMO conseguir entrar -especialmente se forem 8h da manhã ou 18h da tarde-), os semáforos da 5º de Outubro com a Avenida de Berna continuam a estar mal programados e a demorar montes de tempo até ficarem verdes prós peões, a secretaria/tesouraria da fcsh continua a ser lenta, o bacalhau à brás da cantina continua a ser batata palha à brás e continua a haver fila à sexta feira à tarde pra se sair de Lisboa. Às vezes é preciso mudar tudo pra que tudo fique na mesma.

13 de setembro de 2011

«E assim,



Emma Morley caminhou para casa à luz do fim da tarde, largando atrás dela o rasto da sua desilusão. O dia estava agora a arrefecer, e ela arrepiou-se ao sentir qualquer coisa no ar, um tremor inesperado de ansiedade que lhe percorreu a espinha a todo o comprimento, e foi tão intenso a ponto de a fazer parar de andar por um momento. Medo do futuro, pensou. Deu consigo no cruzamento imponente de George Street e Hanover Street enquanto a toda a volta as pessoas se apressavam do trabalho para casa sou saíam para se encontrar com amizades ou amores, todos com a sua finalidade e o seu norte. E aqui estava ela, vinte anos e sem saber o que fazer, a fugir para um apartamento deprimente, novamente derrotada.

"Que vais fazer com a tua vida?" De uma maneira ou de outra, parecia que as pessoas tinham andado eternamente a perguntar-lhe isto; professores, pais, amigos às três da manhã, mas a pergunta jamais parecera tão premente como agora e, contudo, ela nao estava mais perto de encontrar uma resposta.»






Um Dia, de David Nicholls, pág.448