Emma Morley caminhou para casa à luz do fim da tarde, largando atrás dela o rasto da sua desilusão. O dia estava agora a arrefecer, e ela arrepiou-se ao sentir qualquer coisa no ar, um tremor inesperado de ansiedade que lhe percorreu a espinha a todo o comprimento, e foi tão intenso a ponto de a fazer parar de andar por um momento. Medo do futuro, pensou. Deu consigo no cruzamento imponente de George Street e Hanover Street enquanto a toda a volta as pessoas se apressavam do trabalho para casa sou saíam para se encontrar com amizades ou amores, todos com a sua finalidade e o seu norte. E aqui estava ela, vinte anos e sem saber o que fazer, a fugir para um apartamento deprimente, novamente derrotada.
"Que vais fazer com a tua vida?" De uma maneira ou de outra, parecia que as pessoas tinham andado eternamente a perguntar-lhe isto; professores, pais, amigos às três da manhã, mas a pergunta jamais parecera tão premente como agora e, contudo, ela nao estava mais perto de encontrar uma resposta.»
Um Dia, de David Nicholls, pág.448