6 de agosto de 2010

Baú

Quem não tem um baú no sótão? Ou no sotão da avó? E quem é que não gosta de de vez em quando dar uma olhadela ou mesmo remexer na tralha?
E se por um acaso nos apetecer tirar o pó aos objectos do baú? Devemos fazê-lo mesmo tendo presente que estes não vão ter mais nenhum lugar do que dentro deste? Perdoem-me a seguinte metáfora barata, mas valerá mais a pena tentar tirar o pó ao que está no baú, ou ao que está na nossa prateleira da sala e que está ao uso corrente? É que por vezes nem o tão apregoado swiffer (não fosse eu ingénua e agora poderia tirar dividendos desta publicidade gratuita) resolveria o problema dos malfadados ácaros que teimaram em acumular-se no baú.
Há dois tipos de baú. Aqueles em que já não nos lembramos do que está lá dentro (estes costumam ser os mais perigosos e os mais tentadores) e aqueles em que sabemos exactamente o que está lá, mas que mesmo assim teimamos em não resistir em vasculhar de vez em quando, na esperança de descobrirmos alguma coisa nova por entre tudo aquilo que já sabemos existir. Só é pena é que tal como o bíblico ditado nos diz "não há nada de novo debaixo do sol", também dentro dos baús não costuma haver nada de novo, apenas réstias de coisas que por já não termos uma lembrança clara das mesmas, se nos afiguram como inéditas.
Quando subimos as escadas até ao sótão, muitas das vezes não é com o intuito de abrir o baú, até porque temos mais que fazer, algumas vezes é ele que se atravessa no caminho (porque como sabem os baús são grandes, para já não dizer enormes e pesados). Pois é, mas a verdade é que não interessa porque é que vamos ao sótão, ou porque é que vamos abrir o baú, o que importa é que mais tarde os mais cedo todos vamos ao sotão e todos abrimos o baú.

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