Chá?
Ofereceu o homem de pele curtida pelo sol abrasador e de olhos azuis céu em
forma de avelã. É esta a diplomacia do chá. Estabelecer uma relação de
confiança, perceber as intenções e os objetivos dos interlocutores, perder o
medo do outro. Tudo isto é feito à volta de uma mesa repleta de copinhos de chá
escaldante, mesmo que estejam mais de 40ºC debaixo das árvores frondosas que
nos fazem sombra.
Homens
envelhecidos pelo tempo quente jogam às cartas, exibindo os seus dotes
conquistados através da experiência acumulada ao longo anos. Os pés nos
chinelos de pele e os chinelos assentes no terreno com ervas secas do verão. O
Tempo é um bem precioso mas que aqui cai aos cachos.
O
momento reservado ao chá é como uma espécie de ampulheta e o tempo deve ser
aproveitado para tratar das questões práticas que ali nos levaram. Não é fácil
ganhar a confiança de um líder de aldeia.
O
medo de que sejamos um grupo pronto a desviar as crianças do caminho da fé ou
com propósitos de aculturação ocidental está claramente presente no pensamento
e argumentação de quem nos recebeu.
Por
vezes nem uma conversa clara afasta os preconceitos relativos a ambas as
partes. Por vezes aquilo que nos une é tão grande quanto aquilo que nos separa
e neste caso não é possível quebrar a casca da superfície e construir uma
relação de confiança.
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